Imperatriz Leopoldinense já tem enredo para 2024. Passado o frenesi de renovações, dispensas e novidades das contratações pelas escolas de samba do Rio de Janeiro, é chegada a hora dos enredos para o Carnaval de 2024 começarem a ser revelados.
A atual campeã Imperatriz Leopoldinense foi uma das primeiras a revelar seu enredo. Em nota à imprensa no último dia 22 de março, a escola de Ramos, que renovou com praticamente todo o quadro de colaboradores de 2023, mostrou o título e a logo do seu “Com a sorte virada pra Lua, segundo o testamento da Cigana Esmeralda”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira.
Nas palavras do carnavalesco, segundo a nota oficial da escola:
“A ideia é mais um enredo pesquisado, desenvolvido, transformado em narrativa e visualidade com a marca autoral do carnavalesco Leandro Vieira. Segundo o artista, a proposta para o carnaval 2024 dá continuidade ao seu interesse em se debruçar sobre o Brasil e a obra de escritores populares que souberam dar contorno à imaginação de caráter fantástico como uma extraordinária vocação do povo brasileiro. É mais um enredo que olha para aquilo que há de mais simples, no sentido popular das coisas que estão na cabeça do povo. Livre do academicismo e próximo à cultura que emerge das vocações populares brasileiras, mergulho nesses anseios populares tão presentes no imaginário coletivo do Brasil das pessoas reais, ou seja, o Brasil que me desperta interesse e encantamento. Com o enredo que proponho agora, sigo mergulhado nos saberes populares que se utilizam da interpretação dos sonhos cotidianos para tomar decisões ou fazer apostas e também sobre a intenção de prever a sorte através da antecipação do futuro com o uso de meios fantásticos.
O desenvolvimento do enredo é debruçado de forma livre sobre um pequeno folheto que fala sobre o encontro do testamento da cigana Bruges de Esmeralda e o descortinar do conteúdo de seus ensinamentos místicos. O folheto, escrito há mais de cem anos, é assinado por Leandro Gomes de Barros – escritor paraibano reverenciado por Carlos Drummond de Andrade como o rei da poesia do sertão – com o nome de O testamento da cigana Esmeralda. Na narrativa fictícia do folheto, este testamento foi trazido para o Brasil no interior de um barril por um grupo de ciganos. Ao falar com entusiasmo sobre o material literário de base popular que lhe serve de inspiração para o trabalho que virá, o artista dá dicas sobre aquilo que lhe desperta interesses artísticos na nova empreitada.
No descortinar da leitura do folheto, a gente se depara com uma série de ensinamentos de caráter popular sobre a interpretação de sonhos, com uma tabela que predetermina dias felizes e dias de má sorte, com caminhos para a leitura da sorte na palma da mão e a influência dos astros nos caminhos humanos com direito, inclusive, a uma semana astrológica. É material para delírio carnavalesco pra tudo que é lado. E o melhor de tudo é que não precisa de longas teses ou muita explicação para ser compreendido. É cultura popular feita pelo povo e para o povo”.
Foto Rio Carnaval – Divulgação