Há anos, os critérios de avaliação dos desfiles das escolas de samba do carnaval paulistano têm sido alvo de críticas. Em 2023 não foi diferente. Porém, esse ano foi notório o aumento das reclamações partindo de dirigentes das escolas. Desta vez, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo  foi rápida ao anunciar as mudanças.

Em comunicado oficial, a LIGA-SP afirmou que “em reunião plenária realizada na noite da última segunda-feira (27/02), presidentes e representantes das escolas de samba do grupo Especial decidiram por iniciar, já no mês de março, um processo de revisão sobre os critérios de julgamento que vêm sendo adotados nos últimos desfiles, com sugestões de alterações no Regulamento, também. Durante o mês, um grupo de estudos com profissionais de grande relevância no Carnaval paulistano vai trabalhar nas propostas. Outras sugestões serão registradas e farão parte de um relatório que, ao final da revisão, será submetido à plenária da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo”.

Depois da liberação das justificativas dos julgadores, alguns dirigentes de pavilhões tradicionais da cidade manifestaram pelas redes sociais descontentamento com a forma de avaliação e das notas obtidas. Carlos Alberto Dias Alves, o Carlão, presidente da Tom Maior, sexta colocada no Grupo Especial, revelou “indignação quanto ao despreparo dos julgadores, que executaram um julgamento pífio, de um trabalho tão bem feito”. 

No mesmo tom, o presidente da Acadêmicos do Tatuapé, Erivelto Gonçalves Coelho, afirmou em postagem no Facebook sobre as notas recebidas no quesito Fantasia, que “o critério é claro quando fala para o jurado não levar em consideração o tamanho de roupa. Outro detalhe muito importante, a foto da pasta é da frente da fantasia, mas fomos julgados pela traseira. Percebam que esse círculo a mais está virado para trás, e impossível de aparecer na foto. Era para ser 40 de fantasia. Inacreditável o que essa senhora fez”. 

Manifesto 

Nenhuma crítica foi tão enfática quanto a assinada pela Estrela do Terceiro Milênio, escola rebaixada para o Grupo Acesso 1 depois de estrear no Grupo Especial em 2023. A escola do bairro Grajaú lançou um longo manifesto e afirmou que “É urgente repensar o critério de julgamento. Precisamos rever pois estamos engessando o formato, inibindo a criatividade, desestimulando os investimentos e apresentando um produto repetitivo e de baixa qualidade, além do fato do resultado não trazer credibilidade. Dessa forma o atual critério de julgamento incentiva a covardia e pune os que investem, ousam e inovam”. 

No comunicado da LIGA-SP, a entidade que organiza os desfiles das escolas de São Paulo no Anhembi ainda destacou que “A plenária será soberana para analisar todas as questões e, se considerar pertinente, promover mudanças no Regulamento e no Manual de Julgadores. As alterações aprovadas já serão postas em prática no Carnaval de 2024”, explica Sidnei Carriuolo, presidente da Liga-SP.

Para o próximo ano, portanto, o critério de julgamento e os regulamentos dos Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo serão atualizados com as mudanças adotadas.